sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A tio Isaac




Sempre acreditei que tudo acontece no seu tempo
Não seria diferente com meu querido padrinho
Que com seu jeito manso, ao sabor do vento
Nos deixou em seu ritmo suave, bem devagarinho

Das minhas memórias de infância sempre guardei
Um homem que conseguia ser tanto, sem esforço
Uma presença forte e discreta, com aquele olhar de moço
Sem dúvidas, foi um presente dos céus, o segundo pai que ganhei

Sempre muito elegante, gentil e refinado 
Mesmo em meio àquela seresta noite adentro
Fiel à boemia de primeira linha, afinado
Com mil histórias repetidas no torpor, sem lamentos

Confesso que não vai ser fácil, nem consigo imaginar
Como vou chegar a Fortaleza na volta do mar
E o seu semblante tranqüilo e amigo não encontrar
Vem aquele vazio, bate uma saudade de matar

Quando uma pessoa tão amada e querida parte
Ela vai bem, vai leve, livre de sofrimento
E quem, como você, fez desta vida uma arte
Na próxima etapa estarás livre de tormentos

Fica aqui não o adeus, mas o “até logo”
De uma sobrinha-afilhada-admiradora
Com muito amor, carinho e uma “saudadona”
... Ainda nos veremos nesses caminhos tortos.

Carolina Coe