terça-feira, 12 de abril de 2011

Pelos palcos de Cadiz

11 de abril de 2011 (Cadiz)



Estou aqui sentada em uma muralha de no mínimo 600 anos e que protegia essa cidade de sucessivas e violentas invasões, fruto da ganância humana por espaço e poder.
O atlântico prestes a se transformar em Mediterrâneo, numa mistura de verde e azul, como uma pedra que não sabe se é turquesa ou esmeralda, brilha à minha frente. A antiga muralha vai aos poucos se transformando em modernos prédios enquanto as ondas golpeiam suavemente os blocos de rocha maciça, jogadas ali pelo homem temendo a invasão da natureza, como uma criança que coloca uma cadeira atrás da porta temendo o castigo da mãe por ter feito algo errado.

Uma brisa fria envolve meu corpo enquanto tento entender questões tão antigas quanto a própria existência.

Pedidos, desejos e vibrações cruzam esse mar na velocidade de meus pensamentos, alcançando os corações dos que tanto amo, e dos que nem conheço.
Seguirei caminhando em busca de uns raios de sol que amenizem a brisa fria e aqueça minhas palavras.

Agora o cenário é areia, praia e uma passarela que vai dar num castelo. Há uns 100 metros um rapaz toca seu violão, oferecendo seus doces acordes a esse cenário tão lindo. Um navio luxuoso parte ao longe com seus milhares de trabalhadores e turistas. Crianças brincam na areia desfrutando de toda a sua pureza e alegria. Gaivotas sobrevoam a praia em busca do que lhes é vital (ou pelo menos do que elas pensam que é – link com o Fernão Capelo Gaivota do Richard Bach, para quem leu). Duas moças conversam em libras, mostrando que os limites estão na nossa cabeça e a tudo nos adaptamos nesse mundo.


Sentar nessas areias me faz pensar o tanto de historias que já se passou por aqui. Palco de tantas épocas de guerra e paz. E afinal, como dizia Shakespeare, o mundo é um palco, nós somos os atores e podemos atuar da maneira que quisermos. Quem sabe existam vários palcos, vários mundos, e à medida que aprendemos as lições, evoluímos e passamos a um palco melhor e com desafios diferentes, como em um jogo, em que o objetivo final é o desenvolvimento espiritual.

E no final das contas, não importa muito qual foi seu enredo, seu cenário ou como os personagens da sua história interagiram. Importa sim o amor que foi colocado em cada gesto, o que foi aprendido com cada situação, a busca por essa evolução e a conexão (ou reconexão) com a força vital que move tudo... Deus?

Agora eu vou aproveitar e pedir que por um momento vocês “sobrevoem” suas vidas, tirem as cabeças das suas mecânicas rotinas e se perguntem qual o sentido de tudo isso. Há um propósito maior? Estão com os pés na estrada ou só sentados vendo os “forasteiros” passando em busca de seu próprio crescimento espiritual?

Amem... amem muito e indiscriminadamente.

PS: Agora me veio a idéia... seria coincidência dizermos “amém” no final das orações? Não seria uma sugestão para que amem?

Carolina Coe


5 comentários:

  1. Que lindo texto!
    Adorei a parte que disse que "os limites estão em nossa cabeça."

    Anda viajando pelo mundo?
    beijo linda!

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  2. Oi Larissa!!! Quanto tempo!
    Pois é... tem uma frase que eu adoro e diz "Respeite seus limites e você nunca se livrará deles"...
    Ando viajando e trabalhando pelo mundo sim, num navio de cruzeiros! Como você está??
    Beijos!

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  3. Debaixo de forte chuva na capital espacial, que brigou com Aracati e a ilha de Fernando de Noronha para chegar a tal posto, eu li atento suas mensagens.Por elas observo a sua inquietação com o senso comum, a pasmaceira do cotidiano, e a falta de reflexão com as questões de essência. Afinal, somos filhos do imaginário, e só por ele poderemos sobreviver de fato, pois, somente os pulsos da matéria não dizem "coisa com coisa". Como disse Antoine de Sant-Exupéry, "O essencial é invisível aos olhos". Adorei o "amem", e jamais vi esta colocação que vc fez. Faz sentido. Grande beijo do Fernando

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  4. Pai, seus comentários são demais... adoro!! Que bom que você me entende!!! :)
    Beijo!!!!

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  5. QUE LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!

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