segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Contidas palavras




Natal, 16 de maio de 2010

Tristeza de quem perdido anda
Vazio que permeia passos dispersos
Fingindo alegria no samba
Buscando conforto em parceiros diversos

Dono de lindo, mas melancólico olhar
Que por vezes, pensa conseguir enganar
Não olhe mais a fundo, ele vai fugir
Ver sua alma de perto ele não vai permitir

Será que tem medo ou desamor?
Talvez um coração se esquivando
Procurando, sem saber o quê, buscando
Causando em uns e outros certo dissabor

As doces palavras inquietas, reclusas
Fecham-se em mim, contidas
Só encontrando em seu destino recusas
Sem achar em seu fado uma acolhida

Sem êxito tento brecar o afeto, ser racional
Mas livre de rédeas e orgulho, teimo em insistir
Acabando por acreditar em algo irreal
Sentimento bom, que me faz mal por não poder fluir

Sem saber o porquê, a ti escrevo meus desvarios
Por não saber me conter, por falhar ao tentar esquecer
Por odiar o fato de não me livrar deste sentimento nada sutil
Negando conselhos e avisos sensatos sem esmorecer

Ficam aqui versos incompletos, inacabados
Abarcando do que sinto uma pequenina parte
Deixando as outras partes partidas
E eu aqui com elas, buscando nas palavras alguma saída.


Carolina Coe

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Esta tarde

Eu adoro uma música chamada "Alfonsina y el mar" cantada pela Mercedes Sosa. Por curiosidade fui procurar saber quem era Alfonsina e me deparei com belíssimos poemas. Segue um deles aí abaixo =)


ESTA TARDE

Ahora quiero amar algo lejano...
Algún hombre divino
Que sea como un ave por lo dulce,
Que haya habido mujeres infinitas
Y sepa de otras tierras, y florezca
La palabra en sus labios, perfumada:
Suerte de selva virgen bajo el viento...

Y quiero amarlo ahora. Está la tarde
Blanda y tranquila como espeso musgo,
Tiembla mi boca y mis dedos finos,
Se deshacen mis trenzas poco a poco.

Siento un vago rumor... Toda la tierra
Está cantando dulcemente... Lejos
Los bosques se han cargado de corolas,
Desbordan los arroyos de sus cauces
Y las aguas se filtran en la tierra
Así como mis ojos en los ojos
Que estoy sonañdo embelesada...

Pero
Ya está bajando el sol de los montes,
Las aves se acurrucan en sus nidos,
La tarde ha de morir y él está lejos...
Lejos como este sol que para nunca
Se marcha y me abandona, con las manos
Hundidas en las trenzas, con la boca
Húmeda y temblorosa, con el alma
Sutilizada, ardida en la esperanza
De este amor infinito que me vuelve
Dulce y hermosa...

Alfonsina Storni

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Voa de mim...

Me inspiro em ti
Mas não 'eres' tu
Figura difusa no tempo
Perdida em mim

Minhas presas lágrimas
Meus vazios ouvidos
Já não são mais preenchidos
Pela palavra tua

Que agrados queria?
Que forma se desfaz?
Louca, descontrolada
Presa dentro de si

Te deixo todos os dias
Por que não te vais?
Voa da alma minha
Outra precisa de ti

Eu não, eu só preciso de mim
Mas quando vejo
Já me perdi
E nem sei pra onde fui

Quisera de pronto saber
Tudo o que devo aprender
E parar de vez com essa mania feia
De sofrer...

Carolina Coe

domingo, 9 de outubro de 2011

O eterno agora


Quanto perdi por não estar aqui
No momento em que voei
Distante, longe fiquei
Deixei passar a minha vida, e nem vi.

O belo sol nascendo de dentro do mar
Tentando me ensinar o que eu não via
Adormecida em um passado de luar
Nem minha própria voz eu ouvia.

Quisera viver presente cada momento
Do passado
E enxergar com lucidez
De repente, cada ser iluminado.

O tempo passa, mas não passa
Os segundos, minutos e horas se vão
Nós aqui ficamos atracados
Nessa dimensão sem tempo chamada eternidade.

O eterno agora nunca se vai...
Carolina Coe

Foto do nosso fotógrafo Francisco Diniz... Para perceber um jardim dentro de uma flor tem que se estar muito atento, muito presente =)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Me entendes?


Tenho gravado em meu corpo tua doce maneira de amar
Tenho em minha alma a marca que o olhar teu me fez

Eternizada pelo teu sorriso

Sepulcrada pelas racionais palavras doloridas...

Para só então renascer, tão mais elevado e puro...

Me entendes?

Carolina Coe